O Paraguai se fará
respeitar por Brasil e Argentina, afirmou nesta quarta-feira o presidente
paraguaio, Federico Franco, ao anunciar que seu governo começará a incentivar o
uso interno da energia proveniente das hidrelétricas de Itaipu e Yacyretá, que
compartilha com os dois países.
–
Quando Brasil e Argentina vão nos respeitar? No dia em que o governo
(paraguaio) lhes disser: "vamos usar nossa energia, o Paraguai mudou sua
posição, não vai mais ceder sua parte na energia, vamos usá-la na
indústria".
Brasil
e Argentina não reconhecem Franco como chefe de Estado após o processo de
impeachment sumário contra o então presidente Fernando Lugo, em junho passado.
Pelo
mesmo motivo, as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner suspenderam o
Paraguai como sócio pleno do Mercosul e admitiram a Venezuela, cujo ingresso
era bloqueado pelo Congresso paraguaio.
– É
justo pagar o mesmo preço pela energia durante 50 anos? – perguntou Franco
sobre o tratado de Itaipu com o Brasil, firmado em 1973 e que obriga o Paraguai
a vender seu excedente de energia apenas ao Brasil.
–
Praticamente estamos dando esta energia ao Brasil – disse Franco nesta
quarta-feira, durante a exposição de sua política energética para alunos do
Instituto de Altos Estudos Estratégicos, na sede do ministério da Defesa. E
complementou:
–
Negativo, vamos trazer esta energia para nosso uso: que venha (a multinacional
de alumínio) Rio Tinto, que venha a empresa que fará os paineis solares.
O
chefe de Estado destacou que a instalação destas companhias no Paraguai
"vai gerar mais investimentos, empregos e riquezas", e estimulará o
uso em massa da eletricidade entre a população, que já está recebendo fogões
elétricos para substituir os fogões que utilizam o gás importado da Argentina.
Federico
Franco lembrou que de 20 turbinas (que geram 14.000 megawatts), o Paraguai
utiliza a energia de apenas um turbina e meia de Itaipu, quando possui 10.
Em
Yacyretá, quase toda a energia (3.200 megawatts) é consumida pela Argentina,
destacou Franco, antes de afirmar que o Paraguai abastece as cidades de São
Paulo e Buenos Aires.
— A
quantidade de energia gerada na hidrelétrica de Itaipu, construída na fronteira
entre Brasil e Paraguai, é dividida entre os dois países em proporções iguais.
—
Apesar de ter direito a 50%, o Paraguai consome aproximadamente apenas 5%.
—
Pelos termos do tratado binacional, tudo o que o Paraguai não consome deve ser
revendido ao Brasil.
—
Na média, o Brasil compra do Paraguai 45% da energia gerada em Itaipu.
—
Em maio de 2011, depois de um novo acordo, o Brasil triplicou o preço pago por
esse volume de energia.
— O
valor foi fixado em US$ 360 milhões anuais em média (com valor do megawatt/hora
em US$ 9).
Fonte: Zero Hora - Jornal Gaúcho.
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